O envelhecimento traz consigo uma série de alterações tanto na composição corporal, como mudanças orgânico-funcionais. Estas alterações são gradativas e gerais. A adequação da dieta é condição para que a alimentação cumpra seu papel no processo de nutrição, e satisfaça as necessidades globais dos indivíduos. Portanto, a boa alimentação é um dos fatores principais para melhoria da saúde dos idosos que desejam chegar a uma verdadeira longevidade, ou seja, viver muito com uma saúde plena e em equilíbrio. Para isso, o idoso necessita ter uma alimentação variada e muito bem balanceada, que deve incluir todos os grupos de alimentos.
As necessidades calóricas diminuem para os idosos. Na alimentação deles deve ser incluído alimentos que possuam baixo teor calórico e que sejam ricos em proteínas, vitaminas e sais minerais. Vale lembrar que durante o processo de envelhecimento, é muito importante que a pessoa mantenha um peso saudável.
Alterações no estado nutricional (EN) também são observadas com as mudanças em que o organismo é submetido durante o envelhecimento, e a inadequação nutricional afeta o bem-estar de longevos, causando declínio funcional, devido aos aportes deficitários de calorias e nutrientes (desnutrição calórico-protéica, deficiência de vitaminas e minerais), pelo excesso calórico (obesidade) ou pela utilização excessiva de substâncias como o álcool.
A obesidade, dentre outros fatores, encontra-se associada à inatividade física, que pode levar ao baixo condicionamento físico (musculoesquelético e cardiorrespiratório), aumentando a fragilidade do idoso, e podendo deixá-lo mais vulnerável a doenças crônicas. Em contrapartida uma incapacidade preexistente pode reduzir a atividade física e, consequentemente, aumentar o seu peso corporal, devido à redução do gasto energético.
Para os idosos, a nutrição é especialmente importante devido às mudanças fisiológicas relacionadas ao envelhecimento e ao desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas. Vamos lidar com alguns aspectos importantes da Nurição na Geriatria.
Valor calórico
O valor calórico da dieta deve variar de acordo com a idade, peso, altura, composição corporal, patologias apresentadas, estilo de vida dentre outros fatores. Contudo, é importante considerar no cálculo do valor calórico das dietas elaboradas para idosos que a taxa metabólica desta população é particularmente reduzida em relação aos adultos jovens e de meia idade numa proporção média de 10% a cada década.
Carboidratos
A principal fonte de energia para o músculo durante a atividade física provém dos carboidratos na forma de glicogênio muscular. Além do seu papel como combustível muscular, os carboidratos fornecem energia para o desenvolvimento e manutenção de todas as funções celulares, preservam as proteínas, ativam o metabolismo e representam o único substrato energético para o sistema nervoso central. A recomendação deste nutriente para idoso fisicamente ativo é de 50-60% do valor energético total ingerido na dieta.
Considerando a importância deste nutriente nos exercícios, o profissional deve orientar o idoso a consumir uma quantidade suficiente de carboidratos ao longo do dia e principalmente antes e após a atividade física para suprir suas necessidades diárias de energia. Essas estratégias dietéticas garantem estoques suficientes de glicogênio muscular e hepático antes e depois do exercício assegurando condições mais efetivas para otimizar as melhoras promovidas pelos treinos e o bem-estar do idoso.
Proteínas
O consumo adequado de proteínas é fundamental para a manutenção da massa muscular que diminui com o avanço da idade, e que está também associada à redução no nível de atividade física. A ingestão adequada de proteínas é indispensável para garantir um adequado efeito do treinamento de força muscular em indivíduos acima dos 50 anos de idade e representa assim, um aspecto fundamental a ser considerado pelo profissional para garantir a saúde e a capacidade funcional de quem está envelhecendo. No entanto, é importante ressaltar o cuidado de não incrementar a ingestão de proteínas acima do recomendado para não interferir com a absorção do cálcio que pode trazer consequências negativas na manutenção óssea.
Gorduras
A gordura não é o nutriente energético mais importante durante a atividade física, já que esta fonte de energia é proveniente do tecido adiposo. Assim, os mesmos cuidados dietéticos em relação à quantidade e qualidade dos lipídios na alimentação devem ser mantidos mesmo para o idoso ativo. Desta forma, as gorduras mais indicadas para a dieta de indivíduos idosos envolvidos regularmente com a prática de atividade física são as insaturadas, principalmente as monoinsaturados provenientes de alimentos de origem vegetal e de alguns peixes de água fria.
Antioxidantes
A prática de atividade física, quando realizada em alta intensidade está associada à produção de radicais livres que consomem os antioxidantes produzindo lesões celulares e comprometendo a defesa do organismo. Além disso, se a defesa do organismo estiver reduzida em decorrência de uma deficiência nutricional, doenças ou intervenções farmacológicas, o organismo pode tornar-se mais susceptível à ação dos radicais livres. Desta forma, é importante reforçar o consumo de alimentos com componentes antioxidantes para estes idosos como o beta-caroteno, vitaminas C e E, selênio, zinco, cobre e magnésio. Já as atividades físicas de intensidade moderada e praticadas regularmente estão associadas a efeitos fisiológicos benéficos que combatem o efeito negativo dos radicais livres.
Desta forma, apenas para o idoso em treinamento muito intenso e / ou de longa duração, como os maratonistas o cuidado nutricional para a suplementação destes nutrientes deve ser considerada. De maneira geral as quantidades normalmente recomendadas para a dieta atuam de maneira positiva sobre as conseqüências do aumento da capacidade aeróbia do treinamento.
Hidratação
A hidratação dos idosos que praticam atividades físicas merece atenção especial. A percepção de sede nesta faixa etária está diminuída o que os leva a uma ingestão de líquidos menor do que o necessário.
Portanto, o estímulo à ingestão de líquidos deve ser independente da sensação de sede já que a mesma se mostra um indicador ainda mais tardio nos idosos. Além disso, um dos problemas mais frequentes no idoso é a intolerância ao calor causada pela diminuição do fluxo sanguíneo para a pele e a produção reduzida de suor. Muito dessa intolerância ao calor deve-se a vida sedentária dos idosos que prejudica o seu desempenho aeróbico e aclimatação. No entanto, independente do estilo de vida, foi mostrado que a diminuição do fluxo sanguíneo para a pele e a produção de suor são mudanças inevitáveis da idade. Desta forma, o idoso ativo deve ser orientado de acordo com o seu estado de saúde, medicamentos utilizados, nível de condicionamento físico e de aclimatação ao calor a fim de evitar a hipertermia e a desidratação.
De acordo com o "American College Of Sports Medicine" a reposição de líquidos para quem pratica exercícios deve ser da seguinte forma:
•24 horas antes do exercício: garantir uma ingestão adequada de líquidos e um estado de hidratação adequado;
•2 horas antes do exercício: ingestão de 500 ml de líquidos;
•A partir de 1 hora de exercício: 600 - 1200 ml de líquidos por hora de exercício;
•No decorrer do exercício: ingerir a partir de 125 ml líquidos a cada 15 - 20 minutos.
Tomando-se como base as diretrizes nutricionais para o indivíduo ativo e adequando-as às necessidades do idoso podemos organizar sua dieta, principalmente para a melhor recuperação muscular, adequação de seu peso e composição do mesmo. Assim, a sensação de bem estar o mantém na regularidade dos exercícios sem dores musculares e desconfortos comuns, observados com treinos intensos e dieta inadequada.
O resultado da rotina de exercícios em relação a melhor desenvoltura nos movimentos de independência e postura têm sido amplamente comprovados. Todos devem ser estimulados à prática de exercícios regulares, porém sabemos que o idoso atual não se habituou a pratica de esportes em academias e outras entidades especificas para isto. Além do hábito não consolidado, a modernização causou muito mais impacto no idoso atual, do que podemos avaliar no adulto jovem atual. O idoso passou de uma rotina com longas caminhadas e mecanismos domésticos que utilizavam mais força para uma vida mais sedentária com a facilidade da era automatizada.
Assim, concluímos que a prescrição da dieta com valores adequados às necessidades energéticas e Proteicas devem ser manipuladas com o objetivo de manter a adesão à mesma. Respeitar a individualidade quanto às preferências e intolerâncias alimentares parece ser muito mais importante no idoso do que no jovem que apresenta maior capacidade de mudanças de hábitos. Respeitar também a individualidade em relação à aquisição e preparo dos alimentos facilita a introdução de alimentos saudáveis e não modifica algumas rotinas importantes ao estilo de vida do idoso. E, por fim, fracionar a dieta, o máximo possível respeitando a individualidade gastrointestinal do idoso, isto melhora o aproveitamento nutricional dos alimentos selecionados com a finalidade de recuperar o desgaste físico e implementar o rendimento físico, consequentemente atingindo todos os objetivos de melhorar a qualidade de vida.
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