Uso de Antibióticos na Odontologia



A prescrição de vários medicamentos ao mesmo tempo ainda é uma prática comum na área da saúde, tanto no Brasil quanto em outros países, sendo que na medicina esta prática torna-se ainda mais frequente, em função do médico necessitar tratar portadores de diferentes condições sistêmicas, como a hipertensão arterial, o diabetes, a insuficiência renal, entre outras. Com o aumento da população idosa, esta fica mais vulnerável em função de muitos já fazerem uso contínuo de medicações, pelo fato de já apresentarem alguma alteração cardiovascular, metabólica ou neurológica.
Ao receitar algum farmaco, o dentista tem que estar atentos às características colocada acima.
Os agentes antibióticos possuem três usos principais na prática da odontologia são eles:
- Tratamento de infecção odontogênica;
- Profilaxia em pacientes com risco de desenvolver endocardite bacteriana ou outros problemas, devido a bacteremia causada por procedimentos odontológicos;
- Profilaxia em pacientes com o comprometimento dos mecanismos de defesa do hospedeiro em decorrência de certas doenças ou tratamento farmacológico.

Seleção correta do antibiótico

Existem vários tipos de antibióticos, estes podem ser usados isoladamente ou combinados entre si, que podem se empregado no tratamento dentário (3,1,7). Na escolha do antibiótico ideal deve considerar tais fatores: a toxicidade do antibiótico; o espectro de ação do antibiótico sempre que for possível, devemos usar um antibiótico de espectro reduzido para diminuir a possibilidade de surgimento de microorganismo resistente; custo do medicamento; forma de ação do antibiótico dando preferência por drogas bactericidas ao invés de bacteriostática; tenha relação risco/benefício positiva.

Antibióticos

Deve-se escolher primariamente o antibiótico que preenchem o maior número de requisitos anteriormente citados. Para facilitar a seleção deste fármaco serão descrita a seguir as indicações e as reações adversas mais comuns em cada classificação dos antibióticos mais empregados na odontologia.

Penicilinas

Quase todas as infecções de origem odontogênicas podem ser eficazmente tratadas com uma das penicilinas. Em infecções decorrentes por necrose pulpar o fármaco de primeira escolha nessas infecções é a penicilina V, historicamente, o antibiótico prescrito com maior freqüência na quimioterapia de infecções de origem odontogênica. A penicilina G é reservada, em grande parte para infecções graves (6).
Há casos de limitações das penicilinas sobre certos microorganismos produtores de penicilinase, nestes casos o antibiótico apropriado deve ser um derivado da penicilina resistente a penicilinase ou um antibiótico diferente da penicilina como eritromicina ou clindamicina.
A penicilina está entre as drogas menos tóxicas conhecidas devido ao local que atuam – parede celular entretanto podem produzir alguns efeitos adversos tais como: reação de hipersensibilidade, diarréia que pode ser minimizadas pela administração da droga com pequena quantidade de iogurte.
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Amoxicilina e Ampicilina

Pode ser administrada por via oral, pois este fármaco não é inativado pelo suco gástrico. É utilizado na odontologia na prevenção de bacteremia associada a procedimentos como exodontias, em pacientes com risco de desenvolver endocardite bacteriana, sendo contra-indicado para pacientes com hipersensibilidade a penicilina e a cefalosporina (1).
A amoxacilina é bastante tolerada pelo organismo sendo comum o aparecimento de reações adversas como distúrbios gastrintestinais: náuseas, vômitos e diarréias

Clindamicina

Raramente é utilizada devido a sua menor eficácia como agente antimicrobiano e a sua menor absorção por via oral. O uso terapêutico da clindamicina é recomendado como antibiótico alternativo (depois da amoxacilina). Em geral a sua administração é em dose única sendo extremamente improvável a superinfecção.
A clindamicina é indicada para osteíte purulenta ou outras infecções ósseas (4) causadas por microorganismos anaeróbicos, servem também para infecções que não podem ser erradicadas pela penicilina ou antibióticos macrolídeos como a eritromicina.
Os efeitos adversos deste antibiótico consistem principalmente no distúrbio gastrintestinal que pode manifestar na forma de diarréia grave e colite pseudomembranosa (5,6).

Eritromicina

O uso do macrolídeo eritromicina no tratamento de infecções odontogênicas é o segundo mais freqüente, depois dos derivados da penicilina, sendo reservado como alternativa para pacientes alérgicos à penicilina nas infecções de pequena ou média gravidade (6). Mostra-se eficaz contra microorganismo gram negativos e aeróbios.
Esta droga tem aplicação limitada na periodontia porque o seu nível no fluído sulcular é insuficiente para inibir a maioria dos patógenos periodontais (2,5).
A eritromicina é um antibiótico notavelmente seguro, que produz um número relativamente pequeno de efeito adverso, os problemas mais comumente encontrados são: distúrbios gastrintestinais, a icterícia colestática como sinal de toxicidade hepática; e efeitos adversos na paciente gestante.
A eritromicina potencializa os efeitos de diversas drogas incluindo coagulantes orais como por exemplo vaferina.

Metronidazol

O metranidazol tornou-se a droga de escolha para uma variedade de infecções por protozoários. Este antibiótico não foi adequadamente avaliado para o uso geral na odontologia, embora tenha aplicação no tratamento das periodontias.
O metronidazol pode ser utilizado associados a outros antibióticos, sendo de grande eficácia em relação as bactérias anaeróbicas, não devendo ser utilizadas isoladamente, pois só seria eficaz em infecções exclusivamente anaeróbicas (1,6).
Os efeitos adversos mais comuns consistem em náuseas, vômito, anorexia, língua saburrosa, estomatite e neutropenia que desaparece na interrupção do uso do fármaco.
A sua interação com o álcool é tão severa que o seu uso deve ser proibido quando se está tomando metranidazol, a prudência recomenda a contra indicação da droga nas primeiras 12 semanas gestacionais e quando se pode usar drogas mais seguras e que são igualmente eficaz.

Tetraciclina

Seu uso disseminado e com freqüência, resultaram o aparecimento de diversas cepas bacterianas resistentes a este fármaco reduzido a sua utilidade clínica.
A utilização terapêutica na odontologia deste antibiótico é limitada no tratamento de infecções orodentais agudas; sendo esta mais empregada em certos tipos de doença periodontal, tal como, a periodontite juvenil localizada. A sua vantagem no tratamento desta doença se dá na capacidade de se concentrar várias vezes no fluído sulcular gengival, cerca de 5 a 7 vezes mais do que no soro, a sua eficácia contra AA (2,5,7), a boa substantividade e inibição da reabsorção óssea. Contudo a droga é apenas um coadjuvante no tratamento pois a instrumentação mecânica perirradicular é primordial na obtenção do sucesso do tratamento (5).
Os efeitos adversos mais comuns são: irritação gastrintestinal, prolongamento do tempo de coagulação pois a droga atua no microorganismo que sintetizam a vitamina K; em paciente grávida pode afetar o feto no crescimento ósseo, ocasionar a pigmentação dentária e promover a hipoplasia do esmalte. Sendo de relevância ressaltar que este fármaco não pode ser administrados concomitantes a outros antibióticos e a contraceptivos orais pois haverá interações farmacológicas.
A terapêutica antibiótica é adjuvante no tratamento das infecções odontogênicas, periodontal e endodôntica, não devendo em hipótese alguma, ser utilizada como única forma de tratamento.
O uso indiscriminado dos antibióticos fez aumentar muito, o número de espécies de microorganismo resistentes, sendo cada vez mais importante limitar o uso dos antibióticos às situações em que seja realmente indicado.
Quando da escolha de um antibiótico, é necessário considerarmos as suas propriedades, visando o sucesso da antibioticoterapia e diminuindo a possibilidade de ocorrência de reações adversas.
Quando diante de uma infecção que não evolui satisfatoriamente, o profissional deve sempre considerar que possa ter ocorrido uma falha no tratamento realizado, não devendo haver uma precipitação na troca de antibiótico, como sendo esta a causa de insucesso.
Quando não tiver certeza em qual antibiótico utilizar procurar ajuda à outros colegas de trabalho antes de prescrever indiscriminadamente um fármaco.
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