A ventilação mecânica (VM) é um dos suportes à vida de grande importância em UTI e constitui um dos recursos mais utilizados nessas unidades, consistindo no emprego de uma máquina que substitui, total ou parcialmente, a atividade ventilatória do paciente, com o objetivo de restabelecer o balanço entre a oferta e a demanda de oxigênio e atenuar a carga de trabalho respiratório de pacientes com insuficiência respiratória
Este tipo de suporte é necessário em utentes com alterações da função respiratória, que incapacitem a realização das trocas gasosas e fornecimento de oxigénio para a perfusão tecidual e ocorrência das reacções celulares.
Após uma análise dos cuidados de enfermagem na UTI, destaca-se que o conhecimento técnico-científico deve acompanhar a modernidade, já que a evolução de tecnologia para manutenção da vida é contínua. Dessa forma, é necessário o aprimoramento e atualização do profissional de enfermagem para que o atendimento seja adequado, voltado às necessidades do utente e com o mínimo de riscos.
A vivência em estágios curriculares demonstra que os cuidados de enfermagem ao utente em VM ainda necessitam de atenção, pois caso não sejam realizados adequadamente podem levar a complicações, gerando agravamento do quadro clínico do utente. Tal facto instigou a curiosidade acerca dos principais cuidados desenvolvidos pelos profissionais da equipa de enfermagem junto dos utentes em suporte ventilatório invasivo.
A VM é um recurso de suporte à vida utilizado em UTI, consistindo num método que assiste ou substitui a respiração espontânea através de um equipamento denominado «respirador ou ventilador», que é acoplado ao utente por uma via artificial, seja um Tubo Orotraqueal (TOT) ou Traqueóstomo (TQT)
A monitorização dos utentes em suporte ventilatório é um fator de primordial importância. A partir da integração de dados colhidos dos testes funcionais, com a observação clínica contínua, pode-se agir em consonância, prevenindo complicações letais e aumentando as probabilidades de sucesso no tratamento destes utentes.
Utentes em VM requerem cuidados de enfermagem criteriosos tais como: aspiração traqueal; controle da pressão do balão (cuff) do TOT ou TQT; mudança de decúbito; transporte seguro para outras unidades do hospital; ações para a prevenção de complicações como pneumonia por aspiração ou associada à ventilação, úlceras por pressão, extubação acidental, barotraumas e pneumotórax
A atenção aos pacientes sob VM torna-se responsabilidade dos enfermeiros, pois a evolução positiva deles depende de cuidados contínuos, capazes de promover a identificação de problemas que atinjam diretamente suas necessidades. Para uma prestação de cuidado de qualidade é necessário que os enfermeiros tenham uma ampla compreensão dos princípios da VM, além de reconhecer a tolerância fisiológica específica de cada paciente.
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) foi enfático ao determinar, mediante a Lei n. 7.498/86, que compete ao enfermeiro a execução de cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de morte, além de cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica, que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões. E trabalhar em um ambiente de terapia intensiva requer capacitação profissional, investimento intensivo no cuidado de pacientes instáveis, uso de tecnologias variadas e convívio com morte, estresse e conflitos.
O enfermeiro atua fundamentalmente em UTIs desde que estas se especializaram no atendimento a pacientes graves; porém, observa-se também que os enfermeiros, atualmente, em determinadas instituições, estão ficando cada vez mais distantes do suporte ventilatório, talvez pelas inúmeras atribuições que lhes são destituídas, ou por haver outra categoria profissional fazendo esse tipo de assistência, bem como pela deficiência de seu conhecimento.
Para fornecer um suporte ventilatório mecânico para um paciente, o enfermeiro deve saber manusear os diversos ventiladores. Os fisioterapeutas respiratórios compartilham essa responsabilidade de controlar o ventilador em algumas instituições, mas, mesmo nessa situação, o enfermeiro deve estar totalmente ciente das implicações para o paciente do modo e nível do suporte mecânico.
Para obtenção de um resultado positivo aos pacientes submetidos a suporte ventilatório, é necessária a compreensão dos princípios da VM, assim como das necessidades de cuidados do paciente, bem como da comunicação aberta entre os membros da equipe de saúde sobre as metas da terapia, planos para o desmame e tolerância do paciente em relação às alterações nos parâmetros ventilatórios.
O enfermeiro, ao monitorar o ventilador, deve observar: o tipo de ventilador; as modalidades de controle; os parâmetros de volume corrente e frequência respiratória; os parâmetros de fração de inspiração de oxigênio (FiO2); a pressão inspiratória alcançada e limite de pressão; a relação inspiração/expiração; o volume minuto; os parâmetros de suspiro, quando aplicáveis; a verificação da existência de água no circuito e nas dobras ou a desconexão das traqueias; a umidificação e a temperatura; os alarmes, que devem estar ligados e funcionando adequadamente; e os níveis da pressão positiva no final da expiração (PEEP) e/ou suporte de pressão, quando aplicável
A ventilação mecânica é, sem dúvida, um aspecto importante a ser considerado na terapia intensiva, pois envolve muitas variáveis e necessita ter uma interação interdisciplinar, por sua complexidade tecnológica. É de suma importância que o enfermeiro esteja inserido com competência e habilidades nesse contexto para prestar uma assistência segura ao paciente crítico.
Como podemos ver, a Ventilação Mecânica tem características que profissionais de enfermagem precisam ter atenção e saber não só as características como suas variáveis. Conheça o workshop Ventilação Mecânica em pacientes asmáticos. Indico também o Curso online de Enfermagem em Unidade Terapia Intensiva.